sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

TEXTO PASSADO PELA CIGANA ESMERALDA

ESMERALDA


Sem eu saber ao certo o que significava “Pomba gira” meu conhecimento era quase nada! ela se apresentou num dia qualquer sem cerimônias, imponente, destemida como uma fortaleza em forma de mulher sem igual. Cheia de seus propósitos que eu não sabia como lidar com aquilo, vi apenas o seu semblante altivo, forte, uma imagem que eu nunca em minha vida pude me imaginar, uma mulher como muitas queriam ser! inclusive eu!! Sem chance é claro!! Dona de seus atos e muito segura se apresentou como uma linda cigana com seus trajes parecendo do século XVIII, mas não aquela cigana submissa seguindo a tradições de um povo cigano em que já tinha ouvido falar, mas uma cigana sem dono ou vinculada a tradições, então me disse  “Pomba gira Cigana” que tem uma diferença enorme da Cigana de Tradições. Me pareceu diferente, vi um poder de sedução quase hipnótico! o andar leve como se eu estivesse flutuando, o seu sotaque estranho que me confundia, mas disse que assim que ela gostava de aparecer com ar diferenciado ao mesmo tempo uma feiticeira com dons do oculto, das armadilhas de tudo que se enxergava ou não!! com o poder da magia nas mão, nas palavras, um perfume que exalava aos quatro cantos, um punhado de cravos vermelhos em uma das mãos e um baralho na outra com figuras diferente do tradicional, com muita segurança descreveu passado presente e futuro.
Pra que eu pudesse acreditar em tudo que me dizia descreveu o lugar de onde veio, uma cidade na Espanha! que se chamava “Cordoba” costumava ficar lendo cartas e prevendo o futuro das pessoas ao lado de sua carroça, que mais parecia uma casa, com sua forma arredondada, numa rua pequena calçada com pedras!! deixou isso por muito tempo em minha cabeça até que eu pudesse confiar plenamente nela e assim tomar conta de mim e de meus atos.
Não foi fácil não!! Devagar foi me envolvendo, respeitando meus limites até eu tomar gosto e não medo, deixar aquele medo excessivo de lado e entender e acreditar do que não vê, fui aos poucos deixando o medo de lado e confiando nos sopros dados em meu inconsiente, mas ainda ficava uma duvida!! tava falando com gente morta!! que podia tomar o meu corpo vivo!! como é que pode!! se ela ta aqui eu to aonde? devagar me explicou e explicou varias vezes até que eu pudesse realmente entender!! que se fazia necessária a sua presença.
Não sabia direito a função de um médium de incorporação, muito menos que eu era um deles, a resistência era grande, parecia loucura!! quem vai acreditar em mim!! de vez em quando me pegava falando sozinha!! eu mesma perguntava eu mesma respondia!! ou to ficando louca ou tenho dupla personalidade, já tinha visto isto em novelas!! Quando você não tem coragem de fazer certas coisas no seu estado normal! acaba se tornando outra pessoa totalmente diferente, certos psicopatas agem assim pra desculpar seus crimes. Mas não pode ser, será que eu tenho uma imaginação tão forte assim! isto ta tomando uma proporção grande demais daqui a pouco vou ta começando a inventar “estórias” porque tem diferença entre História e Estória! precisava saber mais sobre o assunto, então não tinha paciência de ouvir o chefe do terreiro explicar, porque a explicação tinha que ser gradativa por causa dos outros médiuns que ali estavam, se repetia muito o assunto, então resolvi procurar sozinha a explicação, comecei a estudar sem parar, lia tudo que via pela frente, era obvio que começariam as duvidas, tinha muita informação mas não batia com o que eu tinha na minha cabeça, comecei marcar em um papel todas as perguntar e levava para o centro, as pessoas ficavam bravas de tantas perguntas de uma pessoa só.
Os Médiuns antigos do terreiro tinham um conhecimento muito restrito, e não se interessavam em querer saber mais, na idéia deles já sabiam o suficiente, eram retrógados demais, a minha sorte era que o chefe da casa tinha uma cabeça aberta nesse sentido e respondia de uma maneira simplificada em que eu pudesse entender, mas mesmo assim não foi o suficiente era defundo me orientando ou não!!precisava de mais conhecimento, mas pra minha tristesa tudo o que eu lia era sempre a mesma estória prostitutas, damas da noite que faziam mandingas para acabar com casamentos e trazer homens para mulheres desfrutáveis, as casas de umbanda não tinham muito credito com esse tipo de entidade.
Os rituais deixavam muito a desejar porque parecia uma coisa satânica com muitas velas pretas vermelhas, regada a muita bebida e cigarro, em alguns casos matança de animais.
Era muito degradante ver tudo aquilo ao meio de muita gargalhada como se fosse um lugar promiscuo. fui a muitas casas pra procurar entender como funcionava o trabalho em si, cada uma de uma forma diferente nada se parecia ao meu ver.
Muitas das vezes o médium que nos recebia não sabia nem que éramos médium, já ia dizendo que nossa vida não estava bem e mandando fazer trabalhos pra abrir nosso caminho, ridículo!! não foi isso que fui procurar, queria só entender.
Tive liberdade pra isso, em nenhum momento, ela me condenou apenas me orientou para que eu observasse e respeitasse a casa alheia, pois todos temos direito de fazer o que bem entendermos contanto que tambem estamos cientes das consequencias de nossos atos, mas não me impediu de nada até mesmo se eu quizesse fazer algum trabalho.
Alguma coisa dentro de mim não concordava com aquilo que eu estava vendo, era como se uma força maior deixasse bem claro que ali não era o meu lugar.
Passei então a ouvir as palavras da entidade que ali me acompanhava, entidade pela qual hoje não abro mão, e sou muito feliz pelo seus ensinamentos.

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